Parceria entre o Núcleo Anne Frank de Minas Gerais e Seduc leva debate sobre holocausto às escolas

Foi realizada na quinta-feira (13/4) uma formação para professores(as) e diretores(as) da rede municipal de contagem sobre a história de Anne Frank, feita por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Contagem (Seduc) e o Núcleo Anne Frank de Minas Gerais.

O evento ocorreu no auditório da Seduc e, logo na entrada, a exposição “Jornada do Holocausto: o desafio de conhecer e transformar o mundo” apresentou a vida de Anne Frank, uma menina judia alemã que, durante a Segunda Guerra Mundial, viveu escondida com sua família em um sótão em Amsterdã para escapar da perseguição nazista.

Ela escreveu um diário que se tornou famoso, relatando sua vida e emoções durante o período em que viveu escondida. Infelizmente, ela foi descoberta e enviada para um campo de concentração, onde morreu em 1945. O diário de Anne Frank se tornou um dos livros mais importantes do século XX, deixando um legado sobre a importância da liberdade, igualdade e tolerância.

Também foi realizada uma palestra que visou instruir os participantes sobre uma abordagem mais assertiva do holocausto para os(as) estudantes de Contagem. A palestra apresentou as discussões sobre a história de Anne Frank e trazendo para o contexto político e histórico do Brasil.

O presidente do Núcleo Anne Frank Minas Gerais, Jacques Ernest Levy, ressaltou a parceria com a Seduc. “Nossa proposta é mostrar o respeito à diversidade, às minorias, porque somos uma sociedade muito preconceituosa, então levamos uma mensagem de refletir, de reagir, de não esquecer do seu passado, mas não como um aspecto de vítima, mas para construir um mundo melhor”.

“É um trabalho voluntário, fazemos porque gostamos, porque é uma forma de ajudar as escolas, de ajudar a sociedade de uma forma geral”, concluiu Jacques.

O evento contou com apresentação do professor Michel Gherman. da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), membro do Grupo de Trabalho de Combate ao Discurso do Ódio e ao Extremismo do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do Governo Brasileiro.

Gherman explicou sua proposta de abordagem do holocausto nas escolas. “Proponho que a gente olhe menos para o holocausto e mais para os processos que produziram os fenômenos que levaram ao holocausto. Acho que se a gente inverter esse jogo, a gente consegue entender mais o Brasil também”, disse.

Além disso, a participação de Yolis Lyon, liderança indígena, contando sua história de vida, criou uma reflexão sobre representatividade, respeito a minorias e a luta contra a xenofobia. “A gente vê com muita importância e parabeniza a Seduc por esse evento de inclusão para os professores. É um processo que temos que ter esse entendimento de que a partir da educação dos educadores da base, teremos uma escola mais inclusiva e igualitária e que nossas crianças e adolescentes sejam acolhidos de forma culturalmente sensível e sobre um olhar humanizado por parte na educação de Contagem”.

A diretora da Escola Municipal Ivan Diniz Macedo, Gleice Romualdo, aprovou a iniciativa e a participação dos palestrantes. “Estou encantada com a forma que está sendo abordada todos os assuntos. Eu cheguei aqui imaginando que a gente fosse escutar a história da Anne Frank e não uma história no contexto do Brasil atual e da própria localização da escola onde eu trabalho. Então, estou encantada com a formação”.

A professora de ensino religioso da E.M. Hilda Nunes dos Santos, Érica Pereira, demonstrou entusiasmo com o peso histórico da palestra. “Muito gratificante mesmo, porque eu tenho também uma formação histórica, como professora de história. Está sendo muito bom, estou mando”, destacou.

Além disso, a professora afirmou sua intenção de implantar projetos semelhantes para seus estudantes. “Sim, com certeza, ainda mais porque eu trabalho numa área que é bastante carente e isso vai ser muito bom, está muito próximo da realidade deles que é a faixa etária de 13, 14 anos, que é do 8º e 9º. Com certeza vai ser muito bom”.

Mais formação nas escolas

Em sucessão ao evento realizado, o projeto continuará em 12 unidades de ensino do município, trabalhando o tema ‘Olho no olho para lembrar da nossa humanidade’, com a finalidade de formar e encorajar estudantes a refletirem sobre os perigos de ações preconceituosas, bem como, debater sobre o verdadeiro significado de liberdade, igualdade e respeitos às diferenças.

Estagiários Arthur Henrique e Klaucius Ricardo sob supervisão do jornalista Fernando Dutra.