Pensando no bem-estar dos moradores de Contagem e na prevenção das zoonoses no município, a Prefeitura chama a atenção para o risco da esporotricose, doença que acomete animais e humanos. A Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVZ) do município é referência no exame e diagnóstico da esporotricose animal.
A esporotricose, antigamente, era conhecida como “doença do jardineiro”, pois estes eram contaminados com o fungo do gênero Sporothrix por meio da perfuração da pele pelo espinho da rosa ou farpas de madeira. O fungo vive no solo, palha, vegetais e também madeiras. “Existem relatos da presença deste fungo em diversos animais, como primatas, bovinos, camelídeos, caprinos, aves, tatus, golfinhos e artrópodes – abelhas, pulgas e formigas -, mas os gatos sãos os principais animais acometidos pela esporotricose”, explicou a médica veterinária da UVZ, Ethiene Luiza de Souza Santos.
Em Contagem, além da realização da testagem nos animais a fim de rastrear a doença, a UVZ realiza constante conscientização quanto aos fatores de risco, sintomas, possíveis consequências e tratamentos da doença. Ao todo, são realizadas, em média, 30 demandas ao mês, diretamente na unidade relacionadas à esporotricose em animais, fora os casos atendidos externamente. Após o rastreio da doença nos animais, muitas vezes domésticos, a UVZ entra em contato com os seus respectivos tutores para aconselhar e monitorar a doença, junto dos donos. Tal controle é importante para avaliar o índice de cura, bem como o de mortalidade animal e avaliar por meio desses dados, a evolução da doença.
Sua transmissão pode ocorrer por arranhões ou mordidas de animais doentes. Ethiene Luiza completou, dizendo que “só se contrai a doença pelo contato com materiais ou animais infectados por meio de feridas ou contato com mucosas e que não existe a transmissão direta, de pessoa para pessoa.”.
Sintomas, diagnóstico e tratamento animal
Os sinais clínicos mais comuns são quadros com múltiplas lesões na pele, geralmente profundas, de difícil cicatrização e com a presença de pus com envolvimento de mucosas, principalmente a do sistema respiratório. “Além da secreção nasal, espirros e dificuldade respiratória são sintomas clínicos comumente observados e animais que manifestam estas reações apresentam um maior risco de falência terapêutica e óbito. Nos cães, é recomendável fazer sempre o diagnóstico diferencial para leishmaniose, visto que, as lesões macroscópicas podem ser similares”, pontuou a veterinária.
A análise é feita por meio de coleta de secreção de ferida que possibilita realização de diferentes técnicas de diagnóstico, assim como também é possível a realização de biópsia, realizada com o animal sedado – esta é mais indicada para o diagnóstico canino, uma vez que essa espécie apresenta baixa carga fúngica em suas lesões. No entanto, a biópsia só é realizada em casos em que técnicas menos invasivas já foram utilizadas e o resultado foi inconclusivo.
Na UVZ, o exame para diagnóstico de esporotricose animal é realizado de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 16h, por ordem de chegada.
O tratamento, na maioria dos casos, é feito com medicação antifúngica específica, que deve ser prescrita por médico veterinário. A dose a ser administrada deve ser avaliada por esse profissional, de acordo com a gravidade da doença. Mas, dependendo do caso, há a necessidade de associação com outros fármacos. “O tempo de tratamento é prolongado e a administração do medicamento deve ser mantida por, no mínimo, um mês após a cura clínica.” ressaltou Ethiene Luiza.
Esporotricose humana
A doença não é considerada grave e tem cura, tanto em humanos quanto nos animais acometidos. “Em caso de infecção em humanos, costuma aparecer como um ou vários nódulos, que podem evoluir para lesões na pele. Portanto, existem casos onde a doença pode ser um pouco mais grave, como nos casos das pessoas com problemas de imunidade. Geralmente esses nódulos aparecem no local onde houve o arranhão ou mordida do animal contaminado”, explicou a médica veterinária.
O desenvolvimento da lesão inicial é bem similar a uma picada de inseto, podendo evoluir para cura espontânea. Em casos mais graves, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. Em sua forma pulmonar, os sintomas se assemelham aos da tuberculose.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o fungo também pode afetar os ossos e articulações, manifestando-se como inchaço e dor aos movimentos, bastante semelhantes ao de uma artrite infecciosa. As formas clínicas da doença vão depender de fatores como o estado imunológico do indivíduo e a profundidade da lesão. O período de incubação é variável, de uma semana a um mês, podendo chegar a seis meses após a inoculação, ou seja, a entrada do fungo no organismo humano.
O SUS Contagem oferece atendimento, diagnóstico e acompanhamento médico para quem apresentar sintomas da doença, uma vez que a esporotricose também pode acometer os humanos. Basta se direcionar a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência mais próxima para receber todo o auxílio e suporte adequado.
O tratamento deve ser realizado após a avaliação clínica, com orientação e acompanhamento médico. A duração do tratamento pode variar de três a seis meses, ou até mesmo um ano, até a cura do indivíduo.
Prevenção
A principal medida de prevenção e controle a ser tomada é evitar a exposição ao fungo. É importante usar luvas e roupas de mangas longas em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas, bem como o uso de calçados em trabalhos rurais. Desse modo, os indivíduos com lesões suspeitas de esporotricose devem procurar atendimento médico para investigação, diagnóstico e tratamento.
Uma boa higienização do ambiente pode ajudar a reduzir a quantidade de fungos dispersos e, assim, novas contaminações. Caso o animal de estimação apresente a doença, este deverá ser isolado e receber o tratamento indicado pelo médico veterinário, não devendo ser abandonado, maltratado ou sacrificado.
Ethiene Luiza ainda destacou a importância da prevenção da esporotricose felina, sendo que esta é possível por meio da educação dos tutores e da população para a realização da guarda responsável dos animais, sendo elas a castração, restrição do acesso dos gatos à rua, tratamento de animais doentes, eutanásia dos casos sem possibilidade terapêutica e destinação correta dos cadáveres dos animais mortos em decorrência da doença.
Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVZ)
Endereço: rua José Pedro de Araújo 4663 – Bairro Cinco
Contato: 99257-0013
Estagiário André Fernandes sob supervisão do jornalista João Cavalcanti