Seminário tratou das condições necessárias para que os profissionais possam de fato melhorar a vida de pacientes terminais
Um dos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS) é o da integralidade, que está relacionado à condição integral, e não parcial, de compreensão do ser humano. Isso inclui ofertar cuidados naqueles momentos em que o controle dos sintomas da dor e o suporte emocional são o pouco que resta a oferecer a alguém que está prestes a morrer.
Para esses casos, em que não há mais condições de intervenção clínica para curar e que o falecimento está à espreita, a saúde pública ainda tem muito o que fazer pela pessoa: garantir a ela uma morte digna, com auxílio à dor e ao sofrimento. Esse tipo de assistência existe e tem nome: cuidados paliativos.
Para debater a importância dos cuidados direcionados à melhora da qualidade de vida de pacientes terminais, os desafios e potencialidades da atenção domiciliar e fomentar a troca de experiências em torno desses temas, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Contagem promoveu o 1º Simpósio Municipal de Cuidados Paliativos na Atenção Domiciliar.
O evento, que aconteceu nesta quarta-feira (22), na Puc Contagem, durante todo o dia, mobilizou 250 participantes, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e especialistas na área. Além de contar com a presença de profissionais de Contagem, o simpósio reuniu também pessoas de Belo Horizonte, Betim, Divinópolis, Itaúna, Lagoa Santa, Nova Lima, Pará de Minas, Ribeirão das Neves, Sabará, Sarzedo e São João del-Rei.
Participaram da mesa de abertura a superintendente de Atenção à Saúde (SAS) da SMS, Carolina Silva Castro, o assessor médico da SMS Luiz Fernando Avelar dos Santos, a diretora do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) de Contagem, Andreia Devisllanne Ribeiro, e o vereador Caxicó.
Diversas cidades mineiras e instituições de ensino estiveram presentes
Cuidados paliativos para dignidade no momento da partida
A diretora SAD Contagem, Andreia Devisllanne Ribeiro, também uma das especialistas que proferiram palestra e participaram da mesa de debates, explicou que um dos grandes desafios para as equipes é o de afirmar para o paciente e seus familiares que a morte, que provavelmente se avizinha, faz parte de um processo natural da vida. “Não podemos tirar a esperança das pessoas. Mas temos que falar a verdade, explicando também que por causa das condições que levaram ao cuidado paliativo, o melhor para aquele paciente é ficar em casa”.
Desospitalização
A Atenção Domiciliar está prevista pela Portaria nº 825, do Ministério da Saúde (MS), que a institui como um componente do SUS que deve estar inserido nas políticas públicas ofertadas. Em Contagem, o SAD atende a pacientes com condições clínicas de se submeter a tratamento relacionado a clínica médica, pediatria e ortopedia no próprio domicílio, sendo uma referência em todo o país na desospitalização de pacientes ortopédicos.
Os benefícios dessa ação estão relacionados à diminuição do risco de contrair infecções hospitalares e à promoção dos cuidados no conforto do lar, possibilitando que familiares e/ou cuidadores responsáveis pelo acompanhamento dos pacientes encaminhados ao SAD não precisem se deslocar até uma unidade de saúde para prestar esse auxílio. Há também os benefícios psicológicos: a desospitalização contribui para evitar sentimentos como estresse e depressão, frequentes no ambiente hospitalar. Há ainda as vantagens monetárias em relação aos recursos direcionados para tratamentos em ambiente hospitalar.
Data: 23/11/2017
Repórter: Carolina Brauer
Fotos: Adelcio Barbosa