Fotos: Luci Sallum/PMC
Promover a inclusão de todos os contagenses é um dos compromissos da atual administração municipal. Nessa perspectiva, Contagem foi representada no cortejo da Luta Antimanicomial, organizado pelo Fórum Mineiro de Saúde Mental (FMSM) e pela Associação dos Usuários de Saúde Mental do Estado de Minas Gerais (Asussam-MG). Participaram usuários, gestores e trabalhadores dos serviços da Rede de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do SUS. O ato político, que foi repleto de festa e muita alegria, tomou as ruas da capital mineira, celebrando o “Dia Nacional da Luta Antimanicomial no Brasil”, comemorado em 18 de maio.
O desfile deste ano, que levou como tema “Plantando esperança, reflorestando o amanhã: pessoas são para dar frutos doces e tantans”, teve como concentração a praça da Liberdade, região central de Belo Horizonte, seguindo até a praça da Estação, onde finalizou o cortejo. O ato aconteceu das 13h30 às 17h, numa marcha que lotou as ruas da cidade.
A luta antimanicomial é um movimento social que busca a transformação do modelo de atenção em saúde mental, promovendo a inclusão e o respeito aos direitos das pessoas com sofrimento mental. É uma importante causa que busca transformar a forma como a sociedade lida com a saúde mental, promovendo a inclusão, a dignidade e os direitos humanos das pessoas em situação de sofrimento mental, tornando-se então fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e acolhedora.
A diretora de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Bárbara Ferreira, destacou a importância do ato, que possibilita demarcar o passo de resistência e de continuidade de construção dos serviços substitutivos à lógica manicomial em Contagem.
“Foi um movimento estadual, puxado pela militância antimanicomial e antiproibicionista acerca desta causa tão necessária. Este grande desfile gerou toda a discussão política que a gente tem pautado, não só na saúde mental, mas no âmbito social mesmo, com relação a todos os retrocessos que a gente viveu desde 2016.”
O grande desfile levou a representação de todos os serviços de Atenção Psicossocial de Contagem, em uma comitiva muito alegre e bonita, que pode contar com três ônibus cheios. “Tinha representantes dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), do Centro de Atenção Psicossocial Infantil Juvenil (Capsi), do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps Ad), do Centro de Convivência, dos Pontos Teia, dos territórios, do projeto “Meu Rolê” e das Residências Terapêuticas. “Todas estavam muito bem representadas neste lindo momento,” pontuou a diretora de Saúde Mental.
O que é a luta antimanicomial?
A abordagem antimanicomial propõe a desinstitucionalização dos usuários, ou seja, a substituição dos grandes hospitais psiquiátricos por serviços de saúde mental públicos, territorializados, no cuidado em liberdade, mais humanizados e inclusivos, que possibilitem o tratamento em autonomia e a reinserção social. Essa abordagem enfatiza a importância da escuta e participação ativa das pessoas no seu processo de tratamento e na construção de projetos terapêuticos singulares.
Além disso, está estreitamente relacionada à defesa dos direitos humanos e à promoção da igualdade, buscando então combater o estigma e a discriminação, garantindo que as pessoas em situação de sofrimento mental tenham os mesmos direitos e oportunidades que qualquer outra pessoa na sociedade.
A luta antimanicomial no Brasil
A história da luta antimanicomial remonta ao século XIX, quando o tratamento dos transtornos mentais era baseado na exclusão e no isolamento das pessoas em manicômios, hospícios e instituições asilares. Nesses locais, os pacientes eram frequentemente submetidos a condições desumanas, violentas, negligentes e estigmatizadas. O movimento antimanicomial surgiu como uma crítica a essa abordagem, buscando a substituição dessas instituições por serviços de saúde mental comunitários, que respeitem a autonomia, a dignidade e os direitos humanos das pessoas.
No Brasil, o movimento antimanicomial ganhou força a partir da década de 1980, com a realização do I Congresso de Trabalhadores de Serviços de Saúde Mental, que contou com a participação de profissionais da saúde, usuários e familiares. Tal evento marcou o início de um debate nacional sobre as práticas de saúde mental e a necessidade de superar o modelo asilar.
Diversas entidades e movimentos têm contribuído para a organização e a promoção da luta antimanicomial no Brasil destaca-se o papel fundamental da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila), entre outros.
É uma ação coletiva que envolve uma diversidade de atores, organizações e movimentos sociais comprometidos com a transformação do modelo de atenção em saúde mental. Sua organização é descentralizada e colaborativa, buscando promover a conscientização, a mobilização e implementação de políticas de saúde mental mais inclusiva, humanizada e respeitosa aos direitos humanos das pessoas com transtornos mentais.
Clique e confira as fotos:
Galeria 1 – fotos: Yara Vitória/PMC
Galeria 2 – fotos: Luci Sallum/PMC
Data de publicação: 22/05/2023
Estagiário André Fernandes sob supervisão da jornalista Vanessa Trotta