Público-alvo é composto por pessoas que retiram medicamentos para auxiliar na estabilização e no controle doenças crônicas como diabetes e hipertensão
Projeto pioneiro no município busca aproximar farmacêuticos de pessoas com doenças crônicas que retiram medicamentos em farmácias distritais do município
Em 2016, foram divulgados resultados da Pesquisa Nacional sobre o Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil (PNAUM), uma pesquisa instituída pela Portaria nº 2.077/2012, do Ministério da Saúde (MS), que buscou conhecer aspectos relacionados ao acesso, utilização e uso racional de medicamentos no país. Os achados da pesquisa apontaram bons níveis de disponibilidade e acesso a medicamentos na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas o acesso a medicamentos precisa estar acompanhado do uso racional, para evitar problemas como omissão de doses, descontinuação indevida, administração incorreta, automedicação inadequada e adição de doses: de acordo com publicação do Conselho Federal de Farmácia (CFF) de março deste ano, a cada real investido no fornecimento de medicamentos, são gastos cinco reais para tratar as morbidades relacionadas a medicamentos, como reações adversas (39,3% dos gastos), não-adesão ao tratamento (36,9%) e uso de doses incorretas (16,9%).
Atenta a essa realidade, a Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), está implementando o Projeto Cuidado Farmacêutico no SUS. O objetivo é reduzir internações e atendimentos de urgência, estabilizar pacientes com doenças crônicas mais prevalentes na Atenção Básica, incentivar o uso racional de medicamentos e otimizar o cuidado multidisciplinar em saúde.
Público-alvo
O público-alvo são pessoas com doenças como hipertensão e/ou diabetes não controladas, em sua maioria, usuários de vários medicamentos que não conseguem controlar suas doenças mesmo tendo diagnóstico e prescrição de médicos: segundo o CFF, 70% dos pacientes com hipertensão, diabetes ou dislipidemias encontram-se nessa situação.
Ao todo, de acordo com a diretoria de Assistência Farmacêutica da SMS, 18 usuários estão atualmente recebendo atendimento em consultas farmacêuticas.
Estão participando nessa fase piloto do projeto quatro farmácias distritais do município: Santa Helena, Petrolândia, Eldorado II e Parque São João. Os farmacêuticos dessas unidades passaram por uma capacitação, oferecida pelo CFF, com duração aproximada de oito meses.
Segundo a diretora de Assistência Farmacêutica da SMS, Raquel Soares de Miranda, o encaminhamento à consulta é feito tanto pelas unidades básicas de saúde quanto pela iniciativa dos próprios farmacêuticos das farmácias distritais, por meio da identificação de possíveis problemas no tratamento de doenças crônicas a partir do trabalho de dispensação de medicamentos. “Trata-se de um projeto pioneiro no município. Os farmacêuticos foram capacitados no ano passado e, a partir do mês de março deste ano, os atendimentos aos pacientes tiveram início. Essas consultas são voltadas a pacientes que se incluem no público-alvo do projeto e que retiram medicamentos para doenças crônicas em farmácias distritais, de forma a contribuir para a estabilização e o controle de doenças crônicas”, explica a diretora.
Cuidado multidisciplinar
As consultas costumam ser longas, para que os farmacêuticos possam identificar sinais e sintomas relacionados a problemas com medicamentos e tecnologias em saúde e prescrever orientações aos usuários. O objetivo é obter os melhores resultados com a farmacoterapia e promover o uso racional de medicamentos.
Márcia Alexandre Pereira de Oliveira toma medicamentos para pressão alta e diabetes, além de antidepressivo e outros fármacos. Ela vem sendo atendida no âmbito do Projeto Cuidado Farmacêutico na Farmácia Distrital Petrolândia e relata enormes benefícios com essa participação. “Eu cheguei aqui muito deprimida, e isso aqui está me ajudando muito. Para mim, esse projeto é excelente. E a farmacêutica, a Sheila, é muito atenciosa comigo. Eu entro aqui e não quero ir embora”, diz a moradora do bairro Petrolândia.
A farmacêutica da unidade, Sheila Monica Oliveira e Silva Gabrich, salienta que a iniciativa tem o intuito de prevenir, identificar e intervir nos problemas da farmacoterapia, por meio de um olhar multidisciplinar em saúde. “Mais da metade das pessoas que têm acesso aos medicamentos prescritos não consegue aderir à prescrição corretamente. É preciso garantir a utilização adequada dos medicamentos, de forma a conduzir tanto o paciente quanto a sociedade aos melhores resultados possíveis”, reforça a profissional.
Repórter: Carolina Brauer
Foto: Elivan Félix
Data: 17/05/2018